Big Data para Crimes Digitais Рuma solṳ̣o trivial

OK, vou dar essa colher-de-chá para a polícia. Vou descrever o sistema que acabei de imaginar, que vai esmagar o número de fraudes online, roubos de dados de cartão e invasão de internet banking. É uma ideia poderosa, afirmo. Decidi divulgá-la baseando-me na máxima de que a ideia é apenas 1%. Precisamos achar alguém com a capacidade de planejar e executá-la até o fim. Se esse alguém é você, fique à vontade.

CybercrimeTudo começa com a criação pela Polícia Federal de um endereço de email golpesonline@dpf.gov.br. Esta conta não será tratada por um humano e deve ficar bem claro para a população que não há benefício imediato em enviar emails para este endereço.

Sempre que um cidadão receber um email de fraude digital, ele deve encaminhar para o endereço golpesonline@dpf.gov.br. Assim, todo dia esta caixa postal receberá milhares de emails com mensagens de golpes. São aqueles exemplos típicos de “revalide sua tabela de senhas”, “seu nome está no serasa”, “seu cheque foi recusado” e diversas outras safadezas.

Todos os emails serão lidos por uma máquina. Um sistema ao qual daríamos algum nome estiloso, como Oráculo da Covardia. Sim, oráculo porque será um grande sábio. Covardia por estar relacionado ao crime digital, uma das classes mais covardes de crime, onde o autor se esconde no anonimato e na incapacidade da polícia de tratar pequenos delitos. Certos da impunidade, os covardes aplicam seus golpes sem pudor de lesar o mais humilde, leigo ou necessitado. OK, o nome é péssimo, podemos trabalhar isso melhor depois.

Sozinho, o email de golpe não tem muito poder. A polícia não tem condições de investigar cada ocorrência. São milhares. Já o conjunto desses emails cria uma base estatística incrível. Surge aqui uma base de conhecimento relevante, capaz de ajudar as autoridades a usar seus recursos de maneira eficiente para capturar esse covardes vagabundos.

O Oráculo da Covardia analisará cuidadosamente cada email recebido, criará padrões, confrontará remetentes, investigará sites. Tudo automaticamente, a fim de manter a escalabilidade do processo. Técnicas para isso já existem há décadas, e as recentes evoluções em data mining em grandes quantidades de dados poderão sem dúvida selecionar os principais suspeitos e ajudar a polícia a atacá-los de forma eficiente. Há normalmente uma conta bancária, um laranja, um endereço de email, um site registrado, algo não anônimo envolvido. Há sempre um jeito de rastrear o dinheiro.

crime_digitalDentre os milhares de emails, não será difícil identificar as principais fontes, os principais golpes, os focos de disparo, os principais beneficiados. E, além de investigar e punir, será também possível prever e conscientizar. É o big data contra o crime.

As ideias estão no ar. Esta aqui, se já não existe implementada em algum lugar, com certeza já passeou por diversas cabeças. Não me parece uma execução difícil. Basta algum conhecimento técnico e botar pra fazer. Fazer um piloto e demonstrar a capacidade da solução. Depois disso, é só apresentar às autoridades competentes, buscando uma parceria para colocar em funcionamento oficial.

De fato, este assunto é muito sério. Dê uma olhada nesse dado:

De acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), os crimes físicos deram um prejuízo de R$ 75 milhões em todo o país no ano passado contra R$ 1,4 bilhão de perda por conta dos ‘assaltos virtuais’.

Ou seja, todos aqueles roubos de caixas eletrônicos, “saidinha” de banco e demais fraudes físicas representam apenas 5% do prejuízo causado pelos crimes virtuais. Além do prejuízo em si, isso ainda coíbe o desenvolvimento da atividade econômica online. Um ambiente onde a fraude é tão alta é ruim tanto para consumidores quanto para lojistas. O lojista tem que se precaver investindo em controle e análise de fraudes. O consumidor acaba pagando essa conta e, muitas vezes, é confundido com um larápio virtual e tem sua compra negada.

E aí, vamos encarar?

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2 respostas para Big Data para Crimes Digitais Рuma solṳ̣o trivial

  1. Henrique disse:

    Boa idéia, concordo que a implementação não seja tão complicada.
    Abs

  2. Excelente. Let’s spread the word.

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